O cenário da economia brasileira ainda requer muita atenção. O Produto Interno Bruto (PIB) tem tendência negativa para este ano (-1,3% previsão para 2015) e o percentual de desemprego aumenta a cada mês. Com isso, a confiança dos consumidores também é diretamente impactada. De acordo com estudo global da Nielsen “Confiança do Consumidor – preocupações e intenções de gastos ao redor do mundo”, conduzido no primeiro trimestre de 2015, o país está em recessão para 85% dos brasileiros, sendo que em 2014 esse número era de 55% no mesmo período. A inflação é um dos principais contribuintes para essa percepção.
E como consequência, o varejo sente a queda nas vendas. Segundo a última análise da Nielsen Brasil, Tendências Bimestrais, todas as Cestas Nielsen, que agregam mais de 132 categorias de produtos entre Bebidas (Alcoólicas e Não Alcoólicas), Alimentos Perecíveis, Limpeza, Higiene e Beleza, apresentaram uma desaceleração de abril de 2014 a abril de 2015. Além disso, mais da metade das marcas retraíram-3% ou mais nas vendas em volume.
Outro detalhe da pesquisa mostra que as marcas líderes, que tem uma forte representatividade em faturamento, começam a perder espaço para marcas menores. Das 127 marcas líderes, 29% tiveram diminuição no volume de vendas. “A queda na distribuição e aumentos de preço impactaram negativamente a performance dessas marcas”, explica Sabrina Balhes, executiva de atendimento da Nielsen.
No entanto, há oportunidades no mercado. Mesmo com cenário negativo, 40% das marcas líderes conseguiram crescer com estratégias em distribuição, ofertas e novos produtos (sabores e variantes). “O momento é de muito desafio e, por isso, promover ações assertivas é um excelente caminho”, afirma Sabrina. “As marcas líderes devem encontrar a melhor equação de custo benefício, pois o consumidor está em um momento de escolhas por questões econômicas; já para as marcas desafiantes, há uma grande oportunidade para gerar experimentação e ganhar a lealdade de novos consumidores”.
Hipermercados perdem 4,2 milhões de consumidores
Segundo o estudo da Nielsen, a estrela do momento é o Cash & Carry, popularmente conhecido como “atacarejo”. Enquanto os hipermercados perderam 4,2 milhões de consumidores de maio de 2014 a abril deste ano, o Cash & Carry cresce acima da média do mercado e, atualmente, o canal é maior do que o hipermercado em penetração, impulsionados, principalmente, pelas classes AB e DE.
Classe C é a que mais desacelera o consumo
Como visto em pesquisas anteriores, a classe C perde importância e deixa de ser o motor do consumo. É a classe que mais racionaliza a compra, com estabilidade em frequência no ponto de venda e menor aumento no ticket médio.